Faz parte da
natureza humana se proteger contra queimaduras solares por meio do uso de
roupas e acessórios. Ao final do século
XIX que foram identificados os primeiros relatos científicos sobre a tentativa
do uso de fotoprotetores. Segundo Pathak ( in Sclacka &Reis, 2011) sua
definição clássica seria “produto destinado a bloquear o sol e a proteger ou
abrigar células viáveis da pele contra efeitos pontencialmente danosos da
radiação ultravioleta, como a queimadura solar e o câncer de pele”. (Sclacka
&Reis, 2011) Apesar de sabermos que dependemos da radiação solar para nosso
ciclo biológico ( Kede & Sabatovich, 2003), esta deve ser comedida levando
em consideração que a “fotoproteção é a principal estratégia de saúde
preventiva empregada por médicos dermatologistas” e o seu uso regular
representa um obrigação prática, pois o filtro solar tem como objetivo prevenir
a formação de diversos carcinomas, alem de reduzir o risco de melanoma; a foto
sensibilidade medicamentosa e as dermatoses fotoinduzidas também são evitadas
com seu uso. (Levy, 2015)
A ANVISA
define os protetores solares como cosméticos e apresenta 38 ativos permitidos
para essa finalidade. Já, o FDA 99 (Legislação Noste-Americana) aprova apenas
16 substancias como filtro UV, e define esses protetores como medicamentos não
prescritivos, o que nos mostra o grau de importância que os americanos dão a
essa questão. (Sclacka &Reis, 2011)
Somente na
dec. De 70, que se popularizou o uso fotoprotetores, ocorrendo a incorporação
de diferentes filtros UVB (radiação ultravioleta B) em cremes e loções. O uso
de filtros UVA (radiação ultravioleta A) iniciou-se efetivamente em 1979,
todavia somente em 1989 que foi introduzido as partículas inorgânicas de dióxido
de titânio, e em 1992 do oxido de zinco. Estudos comprovam os efeitos danosos da
UVB e UVA; onde a UVB provoca eritema na pele porque atingi fundamentalmente a
epiderme, o que deu origem ao índice FPS( fator de proteção solar),e está
intimamente associados à cânceres cutâneos; e a UVA vai mais profundamente e
atingi a derme, lesionando as fibras de colágenos e elastina , por isso esta
ligado ao envelhecimento extrínseco. ( Kede & Sabatovich, 2003)
Quanto ao
fator de proteção solar (FPS), esta é razão numérica entre a dose eritematosa
mínima (DEM) da pele protegida pelo filtro solar em questão e a DEM da pele não
protegida. E quantifica a proteção que
um determinado produto é capaz de oferecer em termos de tempo de exposição,
contra a queimadura solar se comparado a áreas desprotegidas. Assim, se um
produto determina FPS 30, isto sugeri, que é necessário uma exposição solar 30x
maior para produzir eritema. Estudos confirmam que o FPS em relação ao ganho
proporcional de absorbância para filtro com FPS superior a 30 é reduzido
drasticamente, entretanto o assunto é bastante controvertido na literatura.
Agora, a maioria dos autores são unânimes quando o assunto é a aplicação, pois
o melhor filtro solar poderá oferecer proteção insuficiente se não aplicado de
forma uniforme com distribuição homogênea, e que esta não pode ser fina pois
então o FPS obtido torna-se menos do que o indicado no produto. (Kede &
Sabatovich, 2003 ; Sclacka & Reis, 2011)
Outra questão
importante, que interfere na qualidade dos filtros é o veículo, um bom filtro
solar deve ter boa absorção de UVA/UVB; deve ser estável quimicamente; não manchar
as roupas; ter pouca absorção cutânea; ter boa aderência a pele, resistindo a
imersão na água e boa resistência a sudorese excessiva; nem deve ser irritante
ou sensibilizante. Assim, a escolha também deve levar em conta a ação
comedogênica e acneíca de determinados produtos, como a opção oil free (sem
veículos óleosos) para pacientes com acne, ou seja, produtos em gel e base
siliconada, devem ser a preferência, apesar de saírem facilmente após sudorese intensa.
(Kede & Sabatovich, 2003)
Segundo Rennó (2016) e Sasson (2006), há hoje
em dia, uma variedade de produtos chamados de multifuncionais e que contém
filtro solar em sua composição, exemplo dos produtos para cuidado cosmético anti
rugas, aliando o filtro solar ao hidratante, e também a substâncias
antioxidantes a fim de maximizar a fotoproteção, como a vitamina C e E .
Rennó (2016) ainda
cita que alguns filtros solares possuem em sua composição estrogênio ou
antiandrogênico; e que “4-metilbenzilideno
cânfora (DMC) e derivados possuem atividade estrogênica em ratos; da mesma
forma, o octilmetoxicinamato tem sugestiva ação estrogênica em úteros de ratas
imaturas.” E isso particularmente
importa pelos seus efeitos na reprodução e na ontogênese. Entretanto, não foi
comprovado este dano em humanos, portanto é incoerente associar essas conseqüências
aos ativos em questão. (Steiner, 2016)
Assim,
podemos observar a importância dos filtros solares na prevenção do
envelhecimento e câncer de pele ocasionado pela exposição a radiações. É
preciso uma maior conscientização por parte da população sobre os efeitos, para
que parem de utilizar o filtro solar
somente para uso em praia ou piscina, o que é muito comum ainda para os
brasileiros.
Drª Sabrina Ribeiro
Fisioterapeuta dermato-funcional
BIBLIOGRAFIA
KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia Estética. SP: Ed Atheneu,
2003
LEVY, Stanley . Capitulo 46 – Filtro Solares _ in WOLVERTON, Stephen E. Terapeutica Dermatologica . Ed. Elsevier Brasil, p. 555, 2015
Rennó, Patricia; Classificação dos Cosméticos, 2016 http://www.farmaceuticacuriosa.com/p/cosmeticos_17.html
(acesso em: 14/06/2016 as 14:30)
SASSON, Clarice Scliar.
Influencia dos veículos cosméticos na permeação cutânea da associação de
filtros solares a acetato de tocoferol. Dissertação de Mestrado em Ciências
Farmacêuticas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba: 2006
STEINER,
Denise. Envelhecimento cutâneo e filtro solar. 2016 http://www.denisesteiner.com.br/derma_geral/envelhecimento_cutaneo_filtro_solar.htm
(acesso em :14/06/2016 as 15h)
SCLACKA, Sergio ; REIS, Vitor Manoel Silva. Fator de Proteção Solar: significados e
controvérsias. An Bras. Dermatol.
2011; 86 (3): 507-15 [ Acesso ao Scielo em 05/06/16 as 19:46 ]